Introducao A Teologia Do Novo Testamento

Author : Henry Clay Sheldon
Publisher : A.R.Ribeiro
ISBN 13 :
Total Pages : 368 pages
Book Rating : 4./5 ( download)

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Download or read book Teologia do Novo Testamento written by Henry Clay Sheldon and published by A.R.Ribeiro. This book was released on with total page 368 pages. Available in PDF, EPUB and Kindle. Book excerpt: A teologia bíblica se distingue da teologia sistemática pela sua abordagem histórica, concentrando-se nos estágios da revelação ao longo do tempo, em vez de buscar uma organização lógica das doutrinas. Para entender a formação do Novo Testamento, é crucial considerar três fontes principais: a consciência de Jesus Cristo, as Escrituras do Antigo Testamento e o contexto do judaísmo pós-canônico. A consciência de Cristo, profunda e única, influenciou suas palavras e ações de maneira decisiva, enquanto o Antigo Testamento forneceu um contexto essencial, moldando o pensamento dos escritores. Além disso, o judaísmo pós-canônico, particularmente as tradições farisaicas e helenísticas, impactou de forma indireta o cristianismo, apesar da influência limitada de algumas seitas como os saduceus e essênios. O farisaísmo, com suas raízes no período pós-exílio, representou uma ortodoxia legalista que buscava a pureza do povo de Israel através de uma observância rigorosa da Lei. Esse movimento foi criticado por Jesus, que enfatizava a piedade interior em detrimento da mera observância externa. A influência farisaica, especialmente em Paulo, introduziu uma abordagem contrastante, que diferenciava a observância legal da busca espiritual genuína. Por outro lado, o alexandrinismo, uma corrente filosófica influenciada pela Grécia, procurou integrar o pensamento filosófico helenístico ao judaísmo, dando maior ênfase à ética e à filosofia do que às práticas rituais. Filon de Alexandria, influenciado por Platão, via a Lei de forma alegórica, destacando o Logos como intermediário divino, um conceito que mais tarde seria central para a teologia cristã. A literatura do Novo Testamento reflete essa complexa interação entre tradições judaicas e cristãs. Os Evangelhos Sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas) são as fontes mais antigas sobre os ensinamentos de Cristo, descrevendo sua vida e mensagem de forma mais direta e objetiva, enquanto o Evangelho de João, mais teológico e reflexivo, introduz uma compreensão mais profunda da pessoa de Cristo. As epístolas paulinas, embora influenciadas por sua formação farisaica, apresentam uma interpretação do cristianismo que transcende o nacionalismo judaico, propondo uma visão universal da salvação. Embora a teologia do Novo Testamento esteja enraizada nas Escrituras do Antigo Testamento e nas tradições judaicas, ela se distingue pela originalidade de seu pensamento, especialmente no que se refere à compreensão do Messias, do Reino de Deus e da natureza de Cristo. Jesus, em sua visão do Reino de Deus, propôs uma transformação interna e espiritual, diferente da expectativa popular de uma intervenção política. O Reino é tanto uma realidade presente, experienciada espiritualmente pelos crentes, quanto uma promessa futura, associada a um evento apocalíptico. Em relação a Deus, Cristo revelou uma paternidade divina única, marcada por uma relação pessoal e íntima com o Pai, enfatizando a necessidade de viver de acordo com os padrões divinos de amor e justiça. Sua visão do ser humano como filho de Deus, com valor intrínseco, sem distinção social, reflete sua crença na dignidade universal de todos os indivíduos, independentemente de sua posição na sociedade. O ensino de Cristo sobre o Reino de Deus também está intimamente ligado à sua compreensão do papel da Igreja, que, embora descrita nos Evangelhos, não foi apresentada como uma instituição rígida ou com uma estrutura eclesiástica formal. O foco estava em uma fraternidade espiritual, na qual todos os cristãos, e não apenas os líderes, possuíam autoridade para ensinar e viver segundo os princípios do Reino. A Igreja, assim, era vista como uma sociedade de fé e amor, com Cristo como seu centro, e não uma organização hierárquica rígida. As práticas como o batismo e a eucaristia, embora presentes, eram consideradas expressões de fé e não rituais mecânicos ou mágicos. Em última análise, o Novo Testamento revela um caminho espiritual que integra o crescimento humano e divino, no qual a humanidade é chamada a reconhecer sua filiação divina, viver conforme os princípios do Reino e esperar pela consumação final dessa realidade. A ressurreição e o julgamento final, embora apresentados com uma linguagem simbólica, refletem a esperança de uma renovação total e uma restauração da ordem divina, sendo o cristianismo uma fé de transformação interior e de visão escatológica que transcende os limites históricos e culturais de sua origem. A.R.Ribeiro.