Author : L. dos S. ROSA
Publisher :
ISBN 13 :
Total Pages : 608 pages
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Book Synopsis Limites e possibilidades do uso sustentável dos produtos madeireiros e não madeireiros na Amazônia brasileira by : L. dos S. ROSA
Download or read book Limites e possibilidades do uso sustentável dos produtos madeireiros e não madeireiros na Amazônia brasileira written by L. dos S. ROSA and published by . This book was released on 2002 with total page 608 pages. Available in PDF, EPUB and Kindle. Book excerpt: O problema central que norteou a elaboração deste trabalho foi a sustentabilidade dos recursos florestais nas áreas de colonização na Região Amazônica. Para compreensão deste problema, tomou-se como base o conceito de desenvolvimento sustentável e as matrizes teóricas que tratam da relação dos camponeses com os recursos florestais nesta região. A análise centrou-se em um estudo de caso realizado na Vila Boa Esperança, situada no Município de Moju, no Estado do Pará. Para compreender melhor a realidade desta vila, realizou-se urna pesquisa, utilizando-se uma abordagem multidisciplinar. Para tanto, fez-se um estudo das características biofisicas e socioeconômicas do Município de Moju; do modus vivendi dos agricultores da unidade caso; do potencial florístico; da comercialização e do potencial monetário da produção florestal desta área. Para isso, lançou-se mão da pesquisa bibliográfica, de metodologias participativas e não participativas frequentemente utilizadas nos levantamentos rurais; de técnicas de amostragens comumente empregadas em inventários florestais tropicais e, da técnica de análise de cenário. Os resultados, ora produzidos, permitem concluir que as condições socioeconômicas predominantes nas áreas de colonização na Amazônia brasileira, incluindo as da reforma agrária, interferem no uso sustentável dos recursos florestais. O estudo de caso realizado em Moju ilustra bem a complexidade dessa questão. Existem inúmeras barreiras (organizacionais, econômicas, fundiárias, tecnológicas, legais, culturais, políticas, financeiras, etc.) a serem superadas, para que o uso sustentável dos recursos florestais se tome urna realidade nessas áreas. Não obstante, os recursos florestais são, inegavelmente, importantes para a subsistência e para a economia dessas famílias, visto que estes recursos proporcionam inúmeros benefícios socioeconômicos as mesmas. Muito embora os recursos florestais proporcionem estes benefícios às famílias de agricultores e aos demais agentes sociais envolvidos na atividade madeireira, não se pode negar que esta atividade tem contribuído para a degradação das florestas primárias remanescentes nas áreas de colonização na Amazônia. O estudo do potencial de .florestas primárias com diferentes níveis de alteração antrópica, desenvolvido na Vila Boa Esperança, revelou que a exploração florestal desordenada alterou a composição florística do povoamento adulto, da regeneração natural e da vegetação herbáceo- arbustiva dessas florestas. Mesmo assim, estas florestas primárias ainda mantinham um grande potencial florístico, indicando que as mesmas poderiam ser manejadas de forma sustentável, desde que mantidas. No entanto, a análise monetária do potencial da produção florestal demonstrou que a implementação do manejo florestal sustentado, quando comparado à exploração desordenada, não era monetariamente interessante para o agricultor, nos primeiros anos, devido à redução no valor monetário líquido da produção florestal. Isto, certamente, tem sido um fator de desestímulo para a implementação do manejo florestal, pelos pequenos agricultores da Região Amazônica. Contudo, esta mesma análise mostrou que, a longo prazo, o uso sustentado dos recursos florestais poderá proporcionar inúmeros benefícios socioeconômicos e ambientais para os agricultores locais. Assim, para garantir a existência destes benefícios, torna-se necessário desenvolver estratégias relacionadas não apenas ao manejo em si, mas também alternativas agrícolas, silviculturais e agroflorestais, que permitam diminuir o avanço do agricultor sobre a floresta e a dependência deste em relação aos recursos florestais. Portanto, pelo que a pesquisa evidenciou, a questão da sustentabilidade dos recursos florestais, nas áreas de colonização, ultrapassa os limites da família camponesa em si, e exige o envolvimento das organizações locais, bem como das organizações da sociedade civil e pública que atuam no desenvolvimento regional.